segunda-feira, setembro 07, 2009

O Menininho

Era uma vez um menininho que contrastava com a escola bastante grande. Uma manhã a professora disse que os alunos iriam fazer um desenho.
- Que bom! - Ele gostava de fazer desenhos.
Ele pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar. Mas a professora disse para esperar, que ainda não era hora de começar.
E ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores.
- Que bom! - pensou o menininho. Ele gostava de desenhar flores e começou a desenhar flores com lápis rosa, azul e laranja. Mas a professora disse que ia mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com caule verde.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso. Ele virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora.
Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse que os alunos iriam fazer alguma coisa com o barro.
- Que bom! - pensou. Ele gostava de trabalhar com barro.
Ele pensou que podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua bola de barro. Mas a professora disse para esperar.
E ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.
- Que bom! - pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
A professora disse que era para esperar, que iria mostrar como fazer.
E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia dizer isso.
Amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo igualzinho ao da professora.
E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho e a sua família se mudaram para outra cidade, e o menininho tinha que ir para outra escola.
Esta escola era ainda maior que a primeira.
E no primeiro dia, a professora disse que os alunos fariam um desenho:
- Que bom! - pensou o menininho, e esperou que a professora dissesse o que fazer. Ela não disse. Apenas andava pela sala.
Quando veio até o menininho disse:
- Você não quer desenhar?
- Sim, mas o que vamos desenhar?
- Eu não sei, até que você o faça.
- Como eu posso fazê-lo?
- Da maneira que você gostar.
- E de que cor?
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber qual o desenho de cada um?
- Eu não sei. - disse o menininho.
E começou a desenhar uma flor vermelha com caule verde.

Helen E. Buckley
Este texto trabalhado na disciplina de Didática, me fez pensar nos meus tempos de escola, na maneira que, como exemplo, as aulas de artes eram trabalhadas, não tinhamos espaço para desenvolvermos nossa criatividade, simplesmente reproduzíamos modelos prontos, mas ao mesmo tempo sentir um certo alívio por não agir com meus alunos da forma em que a primeira professora desenvolvia o seu trabalho.
Uma das nossas responsabilidades é proporcionar aos nossos alunos condições para que desenvolvam sua criatividade, sua autonomia, e lendo o texto me fez sentir, também, uma certa tristeza por saber que ainda existem professores que trabalham desta forma, e acredito, que os mesmos não tem a consciência do "estrago" que podem estar causando em seus alunos, pois encontramos alunos com bloqueios de linguagem, do pensamento criador, inibidos em sua auto-expressão, logo, recomendo a leitura deste texto a todos os professores e apartir do mesmo refletissem sobre a sua prática docente.

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